domingo, 3 de julho de 2016

A última Williams de Newey e a importância do fator humano

Vamos começar o mês de julho com a nossa tradicional montagem de férias!
Este ano, vamos montar a Williams fw 19, que correu na temporada de 1997 da fórmula 1. Mais especificamente, o kit Revell na escala 1/24, mostrado na figura abaixo, que retrata a versão no carro para o Grande Prêmio da França. Este modelo é importante para mim por dois motivos.

O primeiro é que eu estive presente no circuito de Magny Cours para esta corrida! Na época, eu fazia doutorado na França e aproveitei para assistir a corrida no bucólico circuito. Voltaremos a isso em outros posts.
O segundo é que este carro é o último projetado pelo Engenheiro Adrian Newey, responsável pelo projeto dos carros vencedores da equipe em 1991, 1992, 1993, 1994, 1995 e 1996. Foi um dos períodos de maior dominação por uma equipe na fórmula 1. Acontece que Newey aceitou uma proposta da McLaren em 1996 e a aceitou. Ele foi, entretanto, o responsável por chefiar o projeto do carro para 1997.
Podemos pensar que uma equipe de tanto sucesso na fórmula 1 não sentiria tanto a perda de uma pessoa apenas em sua organização, que já naquela época contava com mais de duas centenas de pessoas, fora os parceiros técnicos. É aí que entra o fator humano do título do post... E isto é uma lição para qualquer empresa sobre o quanto pode ser importante uma pessoa extremamente capacitada em um posto chave.
E a Williams tinha consciência disso. No vídeo a seguir, temos uma reportagem da TV inglesa sobre o lançamento do carro. Exatamente no momento 1 minuto do vídeo, a repórter faz perguntas a um dos donos da equipe, o também engenheiro Patrick Head. Em determinado momento, ela comenta sobre a saída de Newey e em seguida Patrick Head começa a falar a respeito. É impressionante o semblante melancólico com o qual ele se refere ao fato... Ele explica que Newey era o líder da equipe na área, que ele leva crédito considerável no desenvolvimento do carro e que eles seriam capazes de notar já naquele ano (1997) como a equipe iria se comportar sem o Adrian, mas principalmente a partir do ano seguinte a equipe iria ver se continuaria forte sem ele. A repórter comenta que ele não parece preocupado e ele, pela linguagem corporal mostra claramente que sim, está preocupado.

Bom, vale a pena comentar que a Williams ganhou o campeonato de 1997, mas no limite, com muita dificuldade. Nos três anos seguintes não conseguiu ganhar nenhuma corrida sequer! E a Mclaren deu um salto de performance a partir de 1998 (ganhando o campeonato em 1998 e 1999), com o primeiro carro desenvolvido sobre a chefia de Adrian.
Acho esta história tocante e emblemática por vários aspectos. O maior deles é o fato de que as empresas de sucesso valorizam e sabem a importância das pessoas, além dos métodos de trabalho, pura e simplesmente, na organização. E esta entrevista de Patrick Head mostra o quanto a Williams tinha consciência de que uma pessoa pode sim, fazer a diferença, dentro de qualquer empresa.
Falaremos mais sobre o kit nos posts seguintes.
Vamos lá!

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