domingo, 17 de julho de 2016

A operação de corte

Vamos descrever agora o processo de corte da carenagem do kit.
Como foi o caso da Jordan 197, o processo requer muita paciência e extremo cuidado para não se machucar. O primeiro passo é procurar referências para o corte. Elas foram encontradas no anuário de Fórmula 1 do autor Francisco Santos, do ano de 1997, conforme pode ser visto na figura abaixo.
Não vou reproduzir todos os cortes da carenagem original, pois pode ficar difícil para encaixar depois de finalizado o kit. A intenção, como comentado em post anterior, é que o motor fique aparente.
Como muita calma nesta hora é necessário, nada como uma bela vista e uma boa bebida...
A figura abaixo mostra um close da carenagem, que já possui em relevo as linhas que vou fazer no corte.
 A seguir, uma outra imagem da carenagem, mas virada ao contrário. Nota-se que as linhas de corte estão em relevo apenas na parte externa.
 Depois de muuuuito tempo, tem-se o resultado mostrado na figura abaixo. É uma etapa intermediária. A técnica consiste em ir "riscando" com o estilete repetidas vezes sobre as linhas de corte.
 A seguir o corte quase finalizado.

 Na figura a seguir, finalmente o corte realizado. Não acabei tudo em um mesmo dia. Foram dois dias. Cerca de duas horas (e duas latinhas...) no total.

 Note que não consegui evitar riscos onde eles não eram necessários. O tratamento então é lixar as regiões de corte e aplicar massa nos riscos, se eles forem realmente profundos. Se não, a própria tinta vai fazer eles desaparecerem.
É isso aí. Vamos lá!

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Descrição do kit

O kit da Revell em escala 1:24 é um kit antigo. É o tipo de coisa que hoje só se pode comprar através de sistemas como o Mercadolivre, ebay, olx e afins. Normalmente de pessoas que adquiriram o kit há anos e, por um motivo ou outro, não o montaram. É um exemplo da utilidade destes sistemas para a economia.
A foto abaixo mostra uma imagem da caixa aberta do kit.
Notem que as árvores com as peças para a montagem são todas na cor azul. Isto facilita a pintura das partes do modelo em azul, mas dificulta um pouco as outras, como o branco.
Algumas partes do manual com instruções de montagem são mostradas nas figuras a seguir.
A primeira figura tem a descrição das árvores e da primeira parte da montagem.
A segunda e a terceira figuras tem a descrição da segunda parte da montagem e as instruções para o posicionamento dos decais. Podem ser colocados os decais dos dois pilotos, Villeneuve e Frentzen.

As figuras a seguir mostram imagens detalhadas de cada uma das árvores e da folha de decais.
 Tive experiências muito boas com os decais da Revell na montagem do kit da Jordan 197. Acredito que com estes será semelhante!
Note que os pneus têm um alto relevo com o nome do fabricante. Dá vontade até de tentar algo diferente ao invés da aplicação dos decais. Vamos ver...
 Um aspecto a salientar com relação a este kit é que ele vem com o motor para ser montado, mas a carenagem do carro é inteiriça, conforme a figura a seguir.

Então, se quisermos ver o motor após a montagem, é necessário cortar a mesma, em uma espécie de intervenção cirúrgica com o estilete. Já fiz isso uma outra vez antes, na montagem do kit da Jordan 197. Tenho alguns livros descrevendo a temporada de 1997 de fórmula 1 e em um deles há uma figura em vista explodida da Williams, como mostrado abaixo. Dá para ver como é o corte da carenagem na área do motor. A preparação para a realização deste corte é mostrada na figura abaixo. É respirar fundo, agir com tranquilidade e colocar a mão na massa. A descrição do processo será feita em outro post.

domingo, 3 de julho de 2016

A última Williams de Newey e a importância do fator humano

Vamos começar o mês de julho com a nossa tradicional montagem de férias!
Este ano, vamos montar a Williams fw 19, que correu na temporada de 1997 da fórmula 1. Mais especificamente, o kit Revell na escala 1/24, mostrado na figura abaixo, que retrata a versão no carro para o Grande Prêmio da França. Este modelo é importante para mim por dois motivos.

O primeiro é que eu estive presente no circuito de Magny Cours para esta corrida! Na época, eu fazia doutorado na França e aproveitei para assistir a corrida no bucólico circuito. Voltaremos a isso em outros posts.
O segundo é que este carro é o último projetado pelo Engenheiro Adrian Newey, responsável pelo projeto dos carros vencedores da equipe em 1991, 1992, 1993, 1994, 1995 e 1996. Foi um dos períodos de maior dominação por uma equipe na fórmula 1. Acontece que Newey aceitou uma proposta da McLaren em 1996 e a aceitou. Ele foi, entretanto, o responsável por chefiar o projeto do carro para 1997.
Podemos pensar que uma equipe de tanto sucesso na fórmula 1 não sentiria tanto a perda de uma pessoa apenas em sua organização, que já naquela época contava com mais de duas centenas de pessoas, fora os parceiros técnicos. É aí que entra o fator humano do título do post... E isto é uma lição para qualquer empresa sobre o quanto pode ser importante uma pessoa extremamente capacitada em um posto chave.
E a Williams tinha consciência disso. No vídeo a seguir, temos uma reportagem da TV inglesa sobre o lançamento do carro. Exatamente no momento 1 minuto do vídeo, a repórter faz perguntas a um dos donos da equipe, o também engenheiro Patrick Head. Em determinado momento, ela comenta sobre a saída de Newey e em seguida Patrick Head começa a falar a respeito. É impressionante o semblante melancólico com o qual ele se refere ao fato... Ele explica que Newey era o líder da equipe na área, que ele leva crédito considerável no desenvolvimento do carro e que eles seriam capazes de notar já naquele ano (1997) como a equipe iria se comportar sem o Adrian, mas principalmente a partir do ano seguinte a equipe iria ver se continuaria forte sem ele. A repórter comenta que ele não parece preocupado e ele, pela linguagem corporal mostra claramente que sim, está preocupado.

Bom, vale a pena comentar que a Williams ganhou o campeonato de 1997, mas no limite, com muita dificuldade. Nos três anos seguintes não conseguiu ganhar nenhuma corrida sequer! E a Mclaren deu um salto de performance a partir de 1998 (ganhando o campeonato em 1998 e 1999), com o primeiro carro desenvolvido sobre a chefia de Adrian.
Acho esta história tocante e emblemática por vários aspectos. O maior deles é o fato de que as empresas de sucesso valorizam e sabem a importância das pessoas, além dos métodos de trabalho, pura e simplesmente, na organização. E esta entrevista de Patrick Head mostra o quanto a Williams tinha consciência de que uma pessoa pode sim, fazer a diferença, dentro de qualquer empresa.
Falaremos mais sobre o kit nos posts seguintes.
Vamos lá!